Lobo Mal - Final

30-12-2010 01:46

 

 

 

- Eu sei, não parece muito saboroso – ele torceu o nariz enquanto lançava a vovó um olhar de repulsa – mas era a única de quem ninguém sentiria falta, alem do mais você não precisa devorá-la. Basta uma dentada, um pedaço... E então, seremos só nós dois.

- Não existe “nós”! – eu rebati energicamente, o que me surpreendeu. Uma parte minha estava começando a se acostumar com a contínua e sufocante dor. Talvez viver com ela não fosse impossível.

- Ainda – ele rebateu furiosamente.

Estávamos prestes a embarcar em mais uma longa e gritante discussão quando ouvimos o resmungar sonolento e dolorido da vovó que mexeu os lábios daquela forma desagradável que velhos faziam, como se mastigassem feno. A velha estava acordando...

- Não há chances de eu me alimentar disto – eu resmunguei em voz baixa.

- Não se precipite. Ela provavelmente é mais comestível do que parece. Fora de validade é o que afirmo que não está.

- Eu. Não. Vou. Comer. Carne. Humana! – eu gritei cada palavra colericamente sentindo o calor fumegante do incêndio subir por minha garganta e queimar cada palavra.

- Como eu lhe disse antes, não há escolha. – ele disse tirando das costas uma faca grossa e enferrujada. Não me surpreenderia se estivesse cega. No entanto ela tinha o mesmo se não maior poder de me aterrorizar.

Nenhum movimento hostil foi feito em minha direção. Ao invés, Lucas se dirigiu ao corpo frouxo e corpulento da vovó. Era possível agora identificar aquele sutil movimento de inspirar e expirar que sua barriga fazia pesadamente. Ela estava sonhando tranquilamente diante de feras sanguinárias. Lucas agarrou um punhado do tecido de seu vestido na altura de suas costelas e o rasgou revelando a pele branca e fina como papel. As pálpebras da velha estremeceram. Vi horrorizada Lucas aproximar a faca, roçando a lamina suavemente sobre a pele exposta na altura da ultima costela enquanto pousava sua outra mão livre ao lado, a fim de buscar firmeza... Como um açougueiro ao cortar uma peça de carne, pensei tardiamente. No instante seguinte ele estava cortando, em movimentos violentos e brutais, provocando uma pequena torrente de sangue conforme ele fatiava a carne na horizontal.

No inicio apenas resmungos desconfortáveis eram balbuciados pelos lábios rachados e murchos da vovó, mas houve um ponto em que seus olhos se arregalaram e correram confusos para Lucas, depois horrorizados para a faca cravada em seu corpo movendo-se friamente enquanto lhe retalhava, e então fixaram-se em mim, suplicantes e exasperado. Ela começou a gritar roucamente, a clamar por ajuda e acenar para mim debilmente.

Por um instante eu cogitei salva-la. Mas isto foi antes do cheiro me atingir. Um aroma agridoce e denso que escorreu de sua ferida aberta e deslizou até mim. Ele queimou minhas narinas e adentrou meu corpo, impregnando meus pulmões com seu cheiro inebriante.

Instintivamente meu corpo deu o primeiro passo, não para salva-la, o motivo era completamente o contrario. Eu a queria. Queria aquele aroma que prometia um sabor dez vezes melhor. Quando a parte racional em mim compreendeu aquilo entrou em pânico. Novamente me vi puxada em duas direções e meu corpo confuso pelo caos estacou, arfando pesadamente entre o incêndio que aumentava.

Assisti com a boca a salivar Lucas arrancar um pedaço escarlate e rosa da carne da velha que gritou em dor e angustia pelo modo violento que perdera um pedaço seu. Lucas, no entanto não dera atenção a angustia enlouquecedora da velha, sequer parecia ouvir-la. Ele estendeu a carne recém conquistada para mim. Encarei aquele pequeno pedaço de carne humana, com seus 10 centímetros, pálida e molenga gotejando fracamente com o sangue que vertia da feria aberta.

- Não – eu gemi enquanto focava meu controle sobre meu corpo que ardia novamente, em desejo, fome e selvageria. Podia sentir a ardência se estender a meus membros novamente.

- Não há escolha. Porque se agarrar a dor Luana? É muito mais fácil obedecer aos instintos – ele indicou com um aceno gentil o presente que ele me oferecia sob gritos assustados de uma velha indefesa – E é mais prazeroso do que tudo que já lhe proporcionei – um sorriso malicioso curvou seus lábios. Meu corpo estremeceu com a perspectiva.

- Eu... Não posso. Não vou! – disse entre dentes forçando meu corpo a se afastar e só o que consegui foi um passo trôpego para trás.

Meus olhos exasperados corriam da velha berrando, gesticulando para mim e para o sangue que escorria pelo seu corpo, tingindo todo seu vestido e misturando-se desagradavelmente com seu cheiro de vovó.

- É claro que não vai – Lucas sorriu jovialmente – está faltando o molho.

Agilmente ele se aproximou da velha agarrando-lhe o pescoço com uma chave de braço enquanto erguia a faca ensangüentada na altura de sua garganta.

- Não! – gritei, mas era tarde, ele já havia cortado sua garganta de onde uma cachoeira escarlate e terrivelmente cheirosa e saborosa irrompeu sufocando os gritos da velha. Ele levou o pedaço de carne embaixo da cortina de sangue, banhando-o por completo naquele líquido maldito.

Com os braços e pernas ensangüentados ele dirigiu-se a mim, a carne gotejante estendida a mim em uma oferenda. Eu tropecei alguns passos para trás, até minhas costas colidirem contra a porta que escondia o doloroso Luar. Eu estava presa!

- Por favor... Por favor – eu me encolhi internamente cerrando os olhos para aquele pecado maldito.

- Não resista – eu podia senti-lo a centímetros de mim, suas mãos estendidas, prontas para agarrar-me pelo queixo e forçar minha boca a se aproximar daquilo que eu evitava considerar em minha mente.

- Não me force então! – eu gritei ensandecida afastando suas mãos com um gesto violento e golpeando seu estomago com dois socos desesperados. Pude sentir seu corpo se contrair com o ataque inesperado.

Eu me desviei de seu corpo encolhido a fim de alcançar a escada em caracol, mas seu braço musculoso abraçou-me pela cintura e me ergueu do chão alguns centímetros, me arrastando para longe do acesso ao nível superior do chalé.

- Me solta! – eu disse entre dentes enquanto socava e arranhava seu braço que pressionava desconfortavelmente meu estomago.

- Só depois quando resolver facilitar – ele resmungou impacientemente – tome isto lhe acalmara.

 Vi pela minha visão periférica o pegajoso pedaço da vovó, ainda gotejando aquele asqueroso e delicioso sangue. Eu cerrei os dentes quando senti meu rosto virando-se involuntariamente na direção da carne que Lucas tentava, apesar de meus esforços violentos, aproximar de meus lábios. Lagrimas escorriam enquanto eu via vagamente a chave de toda a minha maldição. Aquele estúpido e insignificante pedaço de carne velha e fria era a chave para libertar a fera que jamais sonhei em acolher. Uma dentada... Era só o que precisava...

- Lucas, por favor... Por favor, não – eu choramingava enquanto lutava para manter meu rosto o mais longe possível daquele aroma maldito, enquanto Lucas arrastava-me para perto da mesa lentamente devido a minha relutância e meus pés cravados ao chão.

- Estou fazendo isso por nós Luana, acredite... É o melhor para você – ele sussurrava em minha orelha enquanto seu corpo curvava-se sobre meu prendendo-me ainda mais enquanto seu braço esticava-se e se aproximava ainda mais – só assim ficaremos juntos... Só assim você me terá.

- Eu... Eu não o quero – suspirei pesadamente – eu não quero nada disso!

- Isso é apenas o receio falando por ti. Após tudo isso acabar você vera o quão magnífico tudo isso é, e ira rir do quão patética e teimosa foi para aceitar – senti a voraz impaciência transpirar por seus poros. Eu estava atiçando a fera. O tempo estava acabando.

- Quando tudo isso acabar, eu vou rir do quão perto eu estive de me condenar! – eu rebati colericamente

Firmando meus pés no chão impulsionei meu corpo para trás com toda força que restava em minhas pernas, jogando minha cabeça para trás e sentindo o doloroso contato do topo de minha cabeça contra o nariz de Lucas que estalou e cedeu sobre a força do golpe. Suas mãos desapareceram de cima de mim, correndo de encontro com o nariz quebrado que e a julgar pelo cheiro sangrava muito. Eu corri em direção a escada sem saber o porquê daquilo, já que não havia nenhuma rota de fuga milagrosa lá em cima, nem ao menos um alçapão aterrorizante. No entanto eu corri. Corri até as mãos úmidas de Lucas me segurarem pelo quadril. Em puro reflexo eu acotovelei suas costelas e girei para socar seu rosto novamente, meus punhos latejavam por terem sido usados tanto esta noite. Errei o ponto estratégico de sua mandíbula, afinal ele era muito alto, e acabei acertando sua garganta. Ele engasgou secamente, mas não recuou. Ele segurou meu pulso esquerdo com força forçando-o um pouco para trás a fim de me imobilizar, desesperada eu golpeei sua panturrilha e alcancei um belo chute em seu joelho. Impaciente ele me agarrou pela cintura e me ergueu do chão. Minhas costas colidiram duramente contra a parede quando Lucas me jogou contra ela, seu corpo prendendo-me fortemente. Logo minha garganta estava presa por suas garras firmes, não permitindo que me desviasse daquele olhar animalesco, que cintilava furiosamente.

- Você. É. Minha. – ele sussurrou contra a pele febril de meu pescoço enquanto seu rosto afundava-se em minha pele, respirando para manter-se humano – e logo será minha eterna parceira.

Eu o vi retirar do bolso a carne da velha, e me perguntei por um instante como ele havia conseguido guardá-la depois de todo o meu esforço?! Ele olhou para mim, sem expectativa ou presunção no olhar, apenas uma sólida determinação.

- Eu não serei condenada – disse ofegante pela dor e o aperto ao redor de meu pescoço.

- Você já está condenada – ele disse displicente.

No instante seguinte aquelas suas dolorosas e verdadeira palavras, ele aproximou a carne asquerosa e cheirosa de minha boca e eu virei meu rosto em todas as direções conforme ele me forçava a engoli-la. Meu coração pulsava dolorosamente ansiando por aquele pedaço de carne e ao mesmo tempo horrorizado com o que aconteceria caso aquilo descesse por minha garganta. No entanto, eu não tive tempo para bolar algum plano genial talvez nem existisse um. Sem dar um único sinal Lucas me golpeou no estomago, eu ofeguei surpreendida e quando dei por mim estava abrindo a boca para respirar o máximo de oxigênio que podia empurrar pelo limitado estaco que Lucas matinha aberto em minha garganta com seu aperto de ferro.  E naquele momento, ele aproveitou de sua chance de ouro. Um instante, um golpe, um ofegar. Apenas uma pequena serie de atos violentos e eu havia perdido. Naquele instante em que inspirava asperamente Lucas enfiou em minha boca aquela carne gélida, gelatinosa e viscosa em minha boca. Por cinco segundos eu tentei cuspi-la, mas Lucas fechou minha boca com sua mão, e no sexto segundo eu já não pensava por mim mesma.

Minha boca se encheu de uma saliva acida enquanto minha língua brincava com a textura completamente nova daquele pedaço enquanto degustava do sabor peculiar e indescritível. Era doce e salgado ao mesmo tempo, e carregava consigo um aspecto agridoce que lhe tornava ainda mais saboroso. Senti o ferroso sangue misturar-se a minha saliva e escorrer por minha garganta provocando pequenos tremores por meu corpo que logo se transformaram em leves convulsões que mais pareciam solavancos. Uma parte de mim queria brincar com aquela carne por mais alguns minutos em minha boca, enrolá-la em minha língua até que todo seu sabor desaparecesse, no entanto um ronco faminto do fundo de meu estomago me fez empurrá-la. Senti meu mais novo petisco despencar por minha garganta e rolar até meu estomago pesadamente provocando um rastro de calor desconfortável e prazeroso ao mesmo tempo.

Quando dei por mim meu corpo estava mole e exausto embora cada membro e tendão pulsasse com uma energia selvagem e animalesca. Senti uma pontada no fundo de meu coração, era aguda e quente. E a cada pulsar ela expandia prometendo uma assustadora e sombria dor. Era a mesma dor da Lua, percebi com horror enquanto a sentia retornar vagarosamente.

- O que está acontecendo? – disse com uma voz aguda. Os olhos desesperados focados em Lucas que ainda me segurava contra a parede.

- Você está partindo do mundo humano e adentrando o vale dos Lobos – ele disse docemente, colocando um fio de meu cabelo atrás de minha orelha – a transição é dolorosa, mas eu estou aqui.

- E onde está à vantagem nisso? – disse desesperada, entre lagrimas eu tentava me afastar – o que você fez comigo...eu não...você...

- Luana – ele pronunciou meu nome em um intenso tom de desejo.

- Me deixe em paz! Solte-me! Eu preciso... Preciso de ar... De analgésicos... De um revolver – eu já não sabia se estava falando ou apenas tagarelando em meus pensamentos conforme a dor subia como um vulcão cujo ponto de erupção estava terrivelmente próximo.

- Luana?

- Me soltaaa!!! – era tarde, eu estava explodindo em dor e calor enquanto meu sangue borbulhava.

Senti vagamente as mãos de Lucas desaparecerem, e minha bunda colidir duramente contra o chão de madeira, conforme eu agarrava meus cabelos e rosnava selvagemente para a dor que me retorcia por dentro. Senti minha boca queimar e só então notei que minhas gengivas doíam e sangravam. 3 segundos depois senti algo cair em minha boca e ao cuspir no chão, eu vi dois dentes.  Dentes! Meus dentes caninos! Algo perfurou o lugar vago em minha boca e quando minha língua ameaçou avaliar o que era, encontrou no lugar de meus antigos dentes humanos dois caninos pontudos e afiados. Lagrimas escorreram de meus olhos, enquanto as pontas de meus dedos latejavam conforme minhas unhas caiam e outras mais resistentes, compridas e afiadas tomavam seus lugares.

30 minutos depois pelo que minha mente em chamas tentou contar a dor assentou, permanecendo em cada centímetro de meu ser, mas mais como um calor abrasador que com um pouco de concentração era possível conviver. Eu ainda estava caída de costas ao chão, a respiração pesada e rápida, a garganta áspera pelos gritos o corpo dolorido e ao mesmo tempo forte.

- Minha amada – a voz cadenciada e sedutora de Lucas ecoou ao longe e logo depois, seu belo rosto apareceu diante de mim, os olhos abrasadores irradiavam todo sua satisfação.

Senti sua macia mão acariciar meu rosto, e notei vagamente que ele já não era tão quente e precisei de um dois segundos a mais para compreender que agora nossas temperaturas eram iguais. Nós éramos iguais...

Seus lábios pressionaram os meus sem que eu notasse, os senti movendo-se entre os meus sem registrar com exatidão a sensação daquilo neste novo corpo. Eu não conseguia me concentrar em coisas tão doces como essas agora. Não... Minha mente calculista só dava atenção a uma única palavra. Vingança.

- Vê? Acabou minha querida – ele se afastou para me encarar, sem jamais interromper o contato enquanto seus dedos delineavam meus lábios - Não há mais volta. Agora estamos devidamente unidos... Para sempre.

Ele envolveu meus ombros em seus braços e me puxou delicadamente para um abraço, afundando seu rosto em meus cachos. Lentamente meus braços ergueram-se para repousar em seus ombros e segurar a base de seu pescoço conforme meus lábios percorriam sua macia e quente pele delicadamente, sentindo os tendões as artérias... Os lugares mais vulneráveis.

- Não esta feliz? Agora tudo esta perfeito. Juntos agora somos fortes e nada ira nos separar novamente - sua voz estava abafada, no entanto repleta de paixão e contentamento que só me fazia arder em ódio – Eu e você, para sempre.

- Sim... Até que a morte nos separe – e com aquelas palavras eu cravei meus dentes em sua jugular, o mais fundo que minha mandíbula podia cavar.

Lucas gritou em espanto, empurrando-me desesperado para longe, no entanto eu me agarrei a ele com uma força sobrenatural, envolvendo sua cintura com minhas pernas e segurando-me firme em seus ombros enquanto rasgava ainda mais sua carne de encontro com suas artérias.

No entanto Lucas conseguiu me jogar para longe após muito esforço. Eu colidi contra a mesa, jogando o corpo seco e murcho da velha ao chão enquanto eu própria caia com uma suavidade digna de um felino. Eu me pus de pé em um ágil e fluido movimento, uma parte de mim se maravilhando com o feito.

Lucas me olhou receoso, confuso sobre que atitude tomar. Por fim ele rosnou para mim, mas o som era tão relutante que me fez rir, um riso frio e malicioso de uma caçadora que se diverte com sua presa.

Sem esperar por maiores demonstrações macho alfa eu parti contra Lucas, rápida como um esquilo embora forte como um lobo. Minhas mãos alcançaram com facilidade os ombros de Lucas, cravando as longas unhas em sua carne para me puxar para cima, e minhas pernas logo o envolveram como uma serpente voraz.

Lucas urrou novamente quando meus dentes se fecharam em seu pescoço, agora no lado oposto onde eu havia atacado da primeira vez. Senti seus punhos golpeando-me as costelas, mas por algum motivo embora sentisse a dor, nada em mim me forçava a me afastar. Eu rasguei seu pescoço arrancando um generoso pedaço de carne que se desprendei de sua garganta após violentas sacudidas de minha cabeça. Eu cuspi os pedaços de Lucas no chão e sem demora voltei a lhe fatiar o pescoço, rompendo artérias, tendões e tudo que estivesse no caminho de meus dentes.

Lucas continuou a socar-me as costas, costelas, rasgar a carne em minhas coxas e tudo o mais que lhe passava pela mente. Mas o sangue escorria de ti e com ele levava sua força. Senti os solavancos enquanto ele tropeçava rapidamente pelo aposento e não notei para onde estávamos nos dirigindo, até que as costas de Lucas colidiram pesadamente contra a porta da frente, a soma de nossos pesos aparentemente foi demais para a porta de madeira de 100 anos cujas dobradiças eram originais.

Pude conseguir arrancar mais um bife de Lucas antes que ele caísse de costas contra o cascalho da entrada, levando-me para a noite e para o luar. Não levou menos de 3 segundos para a dor alucinante me assolar

Minhas costas latejaram ao sentir os raios da lua. Eu me ergui pesadamente do corpo inerte de Lucas. Por um instante me permiti encarar o assassino de minha irmã, o monstro que me condenara, e acima de tudo o amor de minha vida. Lamentei por constatar que ele já não estava tão belo, não com o pescoço mutilado em ambos os lados, expondo os ossos, carne e nada mais. Morto era como ele cheirava agora.

Uma pontada aguda me socou no peito me fazendo rolar para o lado e cair de costas contra o duro cascalho. Meus olhos lacrimejaram contra a dor excruciante conforme meus ossos se reviravam, minha pele esticava e meu corpo morria ao se transformar na fera que eu guardara. Eu era um incêndio em metamorfose.

No entanto uma pequena parte de mim, não lamentou por nada daquilo. Se não fosse pelos dentes da fera eu jamais poderia arrancar a vida de Lucas. Alem do mais por baixo de toda aquela dor e fogo havia uma sensação de liberdade plena capaz de anestesiar até a vida mais assustadora e desconhecida que o acaso me aguardava. Mas por hora, apenas esta noite importava e para mim bastava saber que já estava alimentada. Eu e minha fera.

 

 

 

 

 

Tópico: Lobo Mal - Final

Conto

Data: 18-04-2015 | De: Juh

;-; Só eu que torci para eles ficarem juntos? </3 Mas mesmo assim, foi bom ele ter morrido u.u
Ficou muito bom, você escreve muito bem!

Conto

Data: 15-02-2011 | De: Lucy/Lucélia

O.O Adorei!!! Muito bom! Na verdade eu fiquei com um pouco de dó do Lucas, mas bem que ele mereceu! haha! Ninguém mandou matar a família da menina! =p

Muito legal msm!
Bjos

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